VRUM, VRUM, VRUM
PERSONAGENS:
Criança, Código, Carrinho, Semáforo, Motinho, Bicicleta, Policial, Pedestre.
Uma criança sentada no chão, no centro e a frente do
palco, brincando. Atravessam o palco, os brinquedos, com os quais ela brinca,
brinquedos convencionais. Surgem bonecos representando os brinquedos, os quais
interagem:
Boneco: Nossa, esse buzão não passa.
Boneca: (chegando)Boa noite! Será que
ele demora?
Boneco: (encantado) Agora quero que
demore.
Boneca: O que disse?
Boneco: Ah! Nada não. Eu disse que ele
sempre demora.
Boneca: Mas não posso esperar, se ele
demorar, vou sair tipo doida mesmo.
Boneco: Mas isso você não pode fazer
menina. Se sair tipo doida, podem te levar para o hospício. Ou então levar
multa.
Boneca: Multa? Por que?
Boneco: Sim, Art. 254 do Código de
Trânsito, tem multa para o pedestre que não respeitar o trânsito, como andar
fora da faixa própria, atravessar em local proibido, andar pela pista, entre outras. É uma multa
leve, mas tem até que pagar.
Boneca: Não vou mais então. Ficarei
esperando mesmo.
Boneco: Fique tranquila, estarei aqui
para proteger você.
Boneca: Proteger do que?
Boneco: Uai! Não sabe que tem um taradão
por aqui?
Boneca: Ai que medo!
Boneco: Não se preocupe, sou o mais
valente da cidade. O mais corajoso. Não tenho medo de nada. Pode deixar que
protejo você menina linda.
Entra
o bonecão no outro lado. A menina vê primeiro e começa a tremer. Ele não
percebe.
Boneco: Que foi minha flôr? Tá tremendo
de amor?
A
Boneca aponta para o bonecão. O Boneco passa a tremer. O bonecão ruge
assustadoramente. O Boneco então cria coragem e fala:
Boneco: Deixa comigo, vou salvar nossa
pele com meu super poder. Feche os olhos.
A
Boneca cobre os olhos, o Boneco ajoelha e começa a rezar...
Boneco: Pai Nosso que estais no céu...
(o bonecão ruge de novo) Me ajuda muié! (os dois passam a rezar)
Ambos
rezam enquanto o bonecão ruge e, depois, desaparece. Quando termina a oração, a
boneca chama o Boneco de heróis, ambos se beijam, depois desaparecem.
A criança segue brincando sozinha, surgem seus
brinquedos cantando:
REFRÃO
Criança
que brinca feliz
Brinca
com o próprio nariz............4x
Presta atenção criançada
No que eu vou te ensinar
Para um trânsito seguro
Todos
tem de participar
Andar sempre pela calçada
E só pela faixa cruzar
Olhando para os dois lados
E nunca disso descuidar...
REFRÃO
Criança
que brinca feliz
Brinca
com o próprio nariz..........4x
E sobre o sinaleiro
Que cuida da circulação
O Verde é para seguir
O amarelo é atenção
O Vermelho é para parar
E esperar na sua mão
Passando só com segurança
Evitando uma confusão.
REFRÃO
Criança
que brinca feliz
Brinca
com o próprio nariz.......4x
Saem
os brinquedos, a criança ouve um diálogo dos pais:
Marido: Cheguei amor, cadê você?
Esposa: Tô aqui bem, fazendo o jantar...
Marido: Hum, deixa eu provar para ver se
tá bom..
Esposa: Parado, não avança o sinal, vai
tomar banho primeiro.
Marido: Ah, tá bom, você que manda. Cadê
o Manézinho?
Esposa: Tá brincando.
Marido: Que bom, ele deve ter encontrado
o presente que deixei para ele...
A criança vai buscar seu presente e logo
volta, passando a brincar com os novos brinquedos, em uma bagunça generalizada,
depois dá uma gargalhada, acompanhado dos brinquedos, que passam a conversar.
Policial: Meu
Deus, que bagunça, nem sei por que fui aceitar esse emprego. Já estou me
arrependendo.
Pedestre: E
eu então. Devia ter aceitado o convite para trabalhar como índio ou mocinho.
Policial: Eu
tinha sonhos. Pensava em ser um super-herói. Salvar o mundo. As velhinhas, as
crianças, os animais. Agora estou aqui nessa bagunça.
Pedestre: Mas
você é um herói. De certa forma. Você arrisca sua vida para salvar os outros,
mesmo que não seja reconhecido.
Policial: Não
é bem assim. Mesmo que eu quisesse, é tão difícil. Todo mundo complica tudo.
Semáforo: Não
sei por que você diz que é complicado. Meu trabalho é tão fácil. Só tenho de
orientar as pessoas. Cada cor representa
uma situação. O verde é para seguir adiante, o amarelo é para ficar atento e o
vermelho é para parar.
Carrinho: Mas
o Policial tem razão. Nem sempre as pessoas respeitam. Quantas vezes eu vi os
motoristas que me guiavam atravessarem a rua com o sinal fechado. Eles dão uma
olhadinha e vão. Acham que são imortais.
Motinho: É
mesmo. Tinha um maluquinho que me pilotava sem usar capacete, aliás, sem usar
quase nada. Ele só vestia uma bermuda e um chinelo de dedo. Eu ouvia ele
falando que no bairro onde morava não precisava. Um dia um cachorro atravessou
na nossa frente, não deu tempo de desviar ou frear. Batemos no cachorro, caímos
e ele saiu todo ralado. Ainda bem que o cachorro não se machucou.
Chega o código.
Código: Mas
tudo está escrito. Se não fazem o certo, é por que não querem. Vocês não
imaginam o trabalho que dá para elaborar uma lei. Tem de partir de um estudo,
virar projeto, ser aprovada, sancionada, etc e tal... É uma burocracia sem fim.
Bicicleta: E
nem sempre a lei pega. Fica só no papel.
Policial: Tem
isso também. Queremos trabalhar, mas às vezes ficamos amarrados com isso.
Código: Deixa
eu explicar. É que algumas leis demoram mais a serem sentidas pela população,
precisam ser regulamentadas primeiro. Ou seja, outra lei pra dizer como ela
será aplicada.
Motinha: Uma
lei pra regular outra lei, é pra acabar mesmo.
Todos riem, de repente tudo se agita novamente, o
código sai, todos começam a se mover,
dois a dois, mas desordenadamente, vira uma confusão só. Uns vão na direção dos
outros, alguns se batem. Até que tudo para novamente. A criança solta outra
gargalhada.
Semáforo: Ai
Jesus, assim eu não aguento. Tô vendo estrelinhas. Minhas cores estão todas
embaralhadas.
Bicicleta:
Calma! Vem cá pra eu saber se você está bem. O verde significa o que?
Semáforo:
Pode passar.
Bicicleta: E o vermelho?
Semáforo: É
pra parar.
Bicicleta: Isso mesmo, e o amarelo?
Semáforo: Pra
prestar atenção, pois vai ficar vermelho já já.
Bicicleta:
Legal, você ainda tá bem amigão.
Volta o código.
Código: Mas
como eu estava explicando antes, as leis são necessárias, pois os homens
geralmente não usam o bom senso.
Carrinho:
Sim, sim... Não usam bom senso, não usam o cinto de segurança, não usam a
cadeirinha...
Policial:
Alto lá! Geralmente eu vejo eles com o cinto de segurança.
Carrinho: É
porque eles veem você primeiro amigão.
Policial: Ah,
sei não.
Carrinho: Seu
código, o que acontece se não usar o cinto de segurança?
Código: Dá
multa, é uma infração grave e o motorista perde 5 pontos na carteira.
Motinho: E se
o motoqueiro não usar o capacete?
Código: Essa
é gravíssima hem, perde 7 pontos,. Além da multa, o piloto fica com o direito
de dirigir suspenso, mesmo que seja seu carona sem o capacete.
Bicicleta: E
se o motorista estacionar o carro na ciclovia, acontece alguma coisa com ele?
Código: Sim,
é também uma infração grave, gera multa e perda de 5 pontos na CNH.
Semáforo: E
se cruzar o sinal vermelho?
Código: Ih!
Multa gravíssima, 7 pontos também.
Pedestre: E
se atropelar um pedestre, e não socorrer?
Código:
Infração gravíssima, multa bem cara, suspensão do direito de dirigir e
recolhimento da carteira.
Policial: Bom
se não precisasse nada disso, se as pessoas se respeitassem. Se as pessoas
dessem valor a vida. Se as famílias orientassem seus filhos desde cedo. Seria
tudo tão mais fácil. Mas infelizmente temos de inventar novas leis a cada
dia. Quantas leis precisamos mais ainda?
Código: Quem
sabe isso ainda muda. Tem muita gente que trabalha para isso acontecer,
precisamos acreditar nelas, são verdadeiros heróis, assim como você.
Novamente acontece uma confusão. O código se retira
de novo. Movimentação. Barulho. E quando tudo cessa, a criança novamente dá uma
gargalhada.
Pedestre:
Vida boa desse aí né?
Motinho:
Quando se é criança, estamos sempre meio alienados, por isso precisamos de
tantos cuidados.
Policial: Por
isso existem tantas campanhas nas escolas. Elas precisam de muita informação e
orientação.
Retorna o código.
Código: As
leis orientam nisso também.
Carrinho: Por
exemplo?
Código: Até 1 ano de idade, deve-se usar o
bebê conforto, nele a criança fica de costas para o banco do motorista. De 1 a
4 anos devem usar a cadeirinha e as que tem entre 4 e 7 anos e meio utilizam o
assento de elevação em automóveis. No banco da frente, só com mais de 10 anos.
Semáforo: Mas tem gente que não liga pra
isso, deixa os pequenos no banco da frente mesmo, ou então atrás soltos entre
os bancos do motorista e do carona.
Policial: Isso é um perigo danado. Se houver
uma colisão, com o carro a 50 km por hora, a criança é arremessada coo se
tivesse mais de uma tonelada.
Carrinho: O que é o tal do “Mãos ao alto”?
Que estão inventando para os celulares?
Código: Não é “Mão ao alto”, é “Mãos ao
volante”.
Todos riem
muito.
Código: É um dispositivo de celular, é
acionado quando o motorista entra no carro.
Policial: Se alguém ligar para o motorista,
vai receber uma mensagem dizendo: Estou dirigindo, ligo mais tarde.
Motinho: Legal isso.
Todos
concordam. De repente nova agitação. Sai o código. Bagunça, movimentos
desordenados, até que tudo para. Nova gargalhada da criança. Ouve-se a voz do
pai da criança, de fora.
Pai: Filho, tem um livrinho junto da caixa,
não deixa de ver as figuras.
Instantes de
silêncio. O código volta. A seguir cada
um começa a se colocar em cena como se fosse uma cidade, organizada. Carros na
rua, sinaleiro no seu local. Surge uma faixa de pedestre, placa de ciclovia.
Tudo começa a ter certa ordem. O código é quem organiza tudo. O menino levanta,
observa tudo, vai até o centro do palco e diz:
Menino: Quando eu crescer quero ser um
herói, quero ser Policial Rodoviário Federal.
Sai o menino marchando, seguido pelos
demais, ao som do Hino da PRF.
Fim
Rogério Luís
Bauer
Obs.: Por
favor, informem os erros encontrados, para que eu possa corrigir. Obrigado.
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