Peça de
teatro com temática de trânsito.
CRIANÇAS LEGAIS
PERSONAGENS: MEL, JÚNIOR.
NICO, RITINHA, MARCINHA, BOBI, PEDRINHO
Esta peça representa
o modo como as crianças enxergam nosso trânsito, de acordo com sua perspectiva.
Proporciona discussão e reflexão sobre temas do nosso dia a dia no trânsito,
orientando e educando.
O cenário inicial é o
de um parquinho, ou uma praça. Ponto de encontro de crianças de uma localidade
qualquer. As crianças vão chegando e montando o cenário com flores e objetos
relativos ao trânsito, como semáforo, faixa, placas, e cada uma vai encontrando
um lugar para se acomodar e brincar.
Primeiro
chegam duas meninas, Marcinha e Ritinha. Cada uma com uma boneca.
MARCINHA: Ritinha
vamos brincar ali perto das flores? Adoro sentir o cheirinho delas.
RITINHA: Vamos sim,
Marcinha, também gosto de ficar perto delas. São tão lindas. Se eu não fosse
gente, queria ser uma flor.
MARCINHA: É mesmo?
Que flor você gostaria de ser, se não fosse gente?
RITINHA: Acho que eu
gostaria de ser um girassol, é tão grande, e tão bonito e dizem que se
movimenta para o lado em que está o Sol. E você? Gostaria de ser o que, se não
fosse gente?
MARCINHA: Sabe que eu
nunca pensei nisso, mas poderia ser uma flor também. Só que acho que iria quer
ser uma que tivesse espinho, pra ninguém me arrancar.
As duas
riem enquanto brincam com as bonecas. Nisso entram dois meninos. Um deles
segurando uma bola de futebol.
PEDRINHO: Eu quero
ser igual o Rosnaldinho.
BOBI: (interrompendo)
Que isso? Ele é tão feio! O pessoal ia rir de você lá na escola.
PEDRINHO: E daí? Ele
joga demais. Não tô nem aí para os outros. Se eu jogar igual ao Rosnaldinho,
vou ser o melhor jogador do mundo. Igual ele! E você?
BOBI: Eu o quê?
PEDRINHO: Quer ser
igual a quem quando você crescer?
BOBI: (pensando) Hum!
Hum! Acho que se for igual ao meu pai ta bom.
PEDRINHO: Seu pai é
jogador?
BOBI: Meu pai?
(rindo) Só se ele estiver com a bola dentro da barriga. (fazendo o sinal de que
é gordo)
Os dois
riem.
PEDRINHO: Então por
que você quer ser igual ele?
BOBI: Ah! Sei lá!
Acho que a vida dele é folgada. Ele passa o dia fora, não precisa ouvir as
broncas da mamãe. Quando está em casa, fica só na frente da TV, sentado,
comendo, bebendo e mandando. Só de boa! E o seu pai? Faz o quê?
PEDRINHO: Meu pai é
motorista de caminhão. Passa mais viajando do que em casa. Eu até preferia que
ele fosse parecido com o seu, que ficasse em casa todo dia. Mas ele precisa
trabalhar.
BOBI: Deve ser legal
dirigir caminhão.
PEDRINHO: É sim. Já
viajei com ele. Mas é muito perigoso também. Tem gente que rouba os
caminhoneiros. Tem lugar que tem muito buraco na estrada. Meu pai reclama muito.
BOBI: Coitado! Mas,
vamos jogar bola ou não?
PEDRINHO: Demorou!
Os dois
vão para um canto onde ficam jogando a bola um para o outro. Em seguida entram
mais duas crianças. A primeira em uma moto (pode ser imaginária ou de papelão).
A segunda em um carrinho (tembém pode ser imaginário ou de papelão).
NICO: (buzinando sua
“moto” e se imaginando dirigir, dando voltas no palco) Bi, bi, bi! Vou passar,
com licença!
JUNIOR: (se
imaginando dirigir, só que mais agressivamente, fazendo um barulho de ronco de
motor) Ran, ran, ran, rannnnnnnnn! Saiam da frente! Chegou o dono da rua! Vou
passar por cima.
Nico e
Junior param um ao lado do outro, na frente do palco.
NICO: Por que você ta
dirigindo assim? Tem que respeitar os outros. Você não sabe que a rua é de todo
mundo?
JUNIOR: Ih! Que isso
doido? Meu carrão é o mais forte. O resto tem que sair da frente pra eu passar.
Mas se quiserem ficar olhando eu deixo.
NICO: Não pode ser
assim Junior! Se não dirigir direito pode machucar quem tá a pé, ou de moto, ou
de bicicleta. Meu pai sempre diz que o melhor motorista é o que respeita o
trânsito.
JUNIOR: Eu sei disso
Nico! Tô só brincando com você. Também acho que devemos nos respeitar.
Respeitar os animais, respeitar os guardas, respeitar os velhinhos e até
respeitar as coisas.
NICO: Respeitar as
coisas! Como assim?
JUNIOR: A gente tem
que respeitar as coisas que nos ajudam.
NICO: (interrompendo)
Não tô entendendo!!!
JUNIOR: Presta
atenção! Tá vendo aquela coisa ali no chão (aponta para um semáforo sucateado)?
NICO: Sim, a
sinaleira. Mas ela tá estragada.
JUNIOR: Eu sei Nico,
essa aí sim, mas tem outras na cidade que estão funcionando ainda. E nós
devemos respeitar elas, pra saber a hora certa de atravessar a rua. Entendeu?
NICO: É mesmo! E você
sabe o que significa cada cor?
JUNIOR: Sei sim. Meu
pai me ensinou. Quando está verde quer dizer que é para passar. Quando fica
vermelho é porque tem que parar. E quando passa no amarelo, é porque a gente
tem que prestar atenção. É bem fácil.
NICO: Deixa eu ver se
entendi: Verde, pode passar. Vermelho, tem que parar e amarelo é pra prestar
atenção.
JUNIOR: Isso mesmo!
NICO: Mas pra prestar
atenção no quê?
JUNIOR: Prestar
atenção que vai ficar vermelho, e que tem que esperar até ficar verde.
NICO: Hum! Vermelho,
pare. Verde, siga. Amarelo, atenção.
JUNIOR: Isso mesmo.
Parabéns!
NICO: Obrigado!
JUNIOR: Por nada! Que
acha da gente fazer uma apostinha?
NICO: Como assim?
JUNIOR: Vamos jogar
uma corrida e ver quem chega primeiro. Quem chegar por último é mulher do
padre.
NICO: Ah, não! Eu não
gosto dessas brincadeiras.
JUNIOR: Tem medo de
perder é?
NICO: Claro que não!
JUNIOR: Então vamos?
Medroso! Medroso! Medroso! (zombando)
NICO: Medroso é? Vou
acabar com você! Quero ver que vai ser mulherzinha do padre dessa vez.
(sentindo-se desafiado)
JUNIOR: Beleza!
Encosta aqui! Quem chegar na esquina primeiro ganha!
NICO: Eu! Você quer
dizer.
Colocam-se
lado a lado, fazem barulhos imitando o motor, como se fosse iniciar um racha,
quando, de repente surge uma terceira criança apitando.
MEL: Mas o que é
isso? Que coisa mais feia! Dois motoristas habilitados, que passaram por teste
psicológico, exame de visão, prova de legislação, aulas práticas de direção,
etc., etc., etc., dando esse péssimo exemplo aqui na rua. Vou multar vocês.
Os dois
meninos se olham sem saber o que fazer, até que Junior fala.
JUNIOR: Que isso?
Quem é você? Do que tá falando?
MEL: Meu nome é Mel,
sou a guarda de trânsito mirim, a maior autoridade no assunto em toda a região.
E agradeçam a Deus por eu ter chegado a tempo de impedir que acontecesse uma
tragédia aqui.
NICO: A gente só ia
disputar uma corridinha.
MEL: É assim que começa
meu querido. Um desafia o outro. Não pensam em mais nada além de ganhar o
racha. Não prestam atenção nos perigos. Esquecem das outras pessoas que usam a
rua, afinal vocês não estão em um autódromo. Nem se preocupam que o carro não é
de corrida, não é preparado pra isso. Vocês não são preparados pra isso.
JUNIOR: Não ia
acontecer nada.
MEL: Esse é o maior
problema! A inconsequência. Quem age assim acha que os acidentes só acontecem
com os outros. No trânsito a gente não deve pensar assim. Devemos sempre ser
cuidadosos. Todos. Quem tem um veículo nas mãos deve ser consciente da
responsabilidade que carrega. E quem anda a pé, ou de bicicleta, deve ter
atenção sempre. Cada um tem que fazer sua parte.
O
discurso de Mel chamara a atenção das demais crianças que estavam no parque, as
quais se aproximaram.
RITINHA: Onde você
aprendeu tudo isso?
MEL: Na cidade onde
eu morava tinha um projeto de guarda de trânsito mirim. Meu pai ajudava a dar
aulas. Desde pequenininha eu assistia as aulas, até que ele me matriculou lá.
JUNIOR:
(interrompendo) Mas você ainda é pequenininha.
Todos
riem.
MEL: Engraçadinho
você né? Mas pelo menos eu aprendi bastante coisa lá.
MARCINHA: Ensina a
gente?
RITINHA: Tenho uma
idéia melhor. Vamos brincar que você é nossa comandante, daí aprendemos o que
você aprendeu lá.
MEL: Hum! Está bem.
Mas vocês tem de concordar em fazer tudo que eu mandar, aceitam?
Todos
se olham e, depois de algum tempo, sinalizam que concordam.
MEL: Muito bem! Vamos
primeiro aprender um pouquinho de Ordem Unida.
(para Júnior) Como é seu nome?
JUNIOR: (com ar de
conquistador) Junior, mas pode me chamar de Juninho se quiser.
MEL: (indiferente)
Junior está bom mesmo. Fique aqui na frente. (coloca ele na frente para depois
organizar os outros em duas filas e três colunas). Isso. E você, como é seu
nome?
BOBI: Meu nome é
Bobi.
MEL: Bobi, fique
atrás do Junior. (Bobi vai) Isso. O outro menino (que interrompe dizendo se
chamar Nico) fica ali, ao lado do Junior. Tá bom. (continua organizando) Vocês
(apontando para Marcinha e Ritinha), entrem atrás deles e você (apontando para
Pedrinho) fica ao lado do Nico. Ótimo.
MEL: A gente precisa
saber se orientar no trânsito. Os pedestres andam na calçada, mas quando
estamos de carro, moto ou bicicleta, temos de ir pela direita. Vocês sabem qual
lado é o direito?
Todos
em coro respondem que sim.
MEL: Muito bem!
Apontem para a direita então.
Confusão
geral. Cada um aponta para um lado. Mel coloca as mãos na cabeça.
MEL: Vamos ter mais
trabalho do que eu pensava. (ela fica na frente do grupo, de costas para eles,
levanta a mão direita). Esse é o lado direito. Para cá é a direita de vocês.
Entenderam?
Todos
respondem em coro que sim.
MEL: (já virada para
eles) Vamos ver se entenderam. Quando eu gritar “já”, todos pulam para a
direita. Certo?
Todos
sinalizam que sim.
MEL: Atenção: “JÁ”
Todos
pulam para a direita, menos Nico, que pula para a esquerda. Os outros fazem a
maior festa rindo dele.
MEL: Não Nico! Você
pulou para o lado errado. Isso no trânsito quer dizer que você está na
“contra-mão”. No lado errado. O trânsito é organizado para que todos sempre
saibam para que lado seguir. Imaginem se cada um fosse para o lado que
quisesse. Ia ser a maior bagunça.
MEL: Vamos tentar de
novo. Agora todos pulam para a esquerda, ou seja, contra-mão. Entenderam?
Quando eu falar “já”, todos viram para a contra-mão.
Todos
se concentram. Nico faz cara de confiante.
MEL: Atenção: “JÁ”!
Todos
pulam para a esquerda, menos Nico, que, desta vez, pulou para a direita. Todos
riem de novo. Nico se zanga e pergunta.
NICO: Ah! Por que eu
tenho de aprender essa bobagem de direita, contra-mão, blá blá blá, pra que saber isso?
MEL: Deixa eu tentar
explicar de outro jeito. Presta atenção! (chamando) Ritinha, faz favor, pega a
motoca do Nico e fica ali (apontando para frente e direita), virada para cá!
RITINHA: (já no
local, sentada na motoca) Aqui?
MEL: Isso! Espera aí.
(chamando) Junior, pega seu “carrão” e fica ali no ouro lado (apontando para o
lado contrário, onde ficam de frente um para o outra).
Junior
vai para o lugar indicado.
MEL: Olha bem Nico!
Imagine uma rua, sem sinalização nenhuma. Sem placa. Sem guarda. (Nico faz cara
de quem tá imaginando) De repente aparecem dois veículos, um de cada lado da
rua. Como é que eles vão saber pra que lado que cada um tem de ir? Olha só!
(para Junior e Ritinha, que estão à frente da turma, em lados opostos) Podem
seguir em frente, cada um na sua direita.
Junior
e Ritinha fazem como se estivessem trafegando, e se cruzam, cada qual na sua
direita.
NICO: (observando)
Agora entendi. Se não souber pra que lado tem de ir, vai ter peixada.
PEDRINHO: Peixada?
Não to vendo peixe nenhum aqui.
MEL: (explicando) Não
é isso Pedrinho. É que dependendo da região em que a pessoa vive ela chama o
acidente de uma forma. Uns dizem peixada, outros dizem batida, e por aí vai.
Mas cada acidente tem seu nome certo. Pode ser colisão, choque, abalroamento, e
por aí vai.
NICO: Você é muito
sabida menina. Parabéns.
MEL: Que isso! Se eu
pude aprender, vocês também podem. É só terem vontade de fazer as coisas
certas.
BOBI: Mas e quando as
coisas não funcionam, como gente vai aprender com elas?
MEL: Como assim?
BOBI: O semáforo aqui
da praça não funciona, a gente não consegue aprender assim.
MEL: A gente tinha
uma musiquinha pra isso lá no curso. Vocês querem aprender?
Todos
concordam.
MEL: Vamos fazer uma
roda juntos. É assim: “PAAAAARA ATRAVESSAR A RUAAA, COM SEGU...RANÇA, É
ASSIM...SIM...SIM: VERDE SIGA...GA, VERMELHO PARE...RE, E O AMARELO? O AMARELO? É
ATENÇÃO. VIVA!” (paródia de “Atirei o pau no gato”).
Todos
fazem a roda e cantam juntos várias vezes, se divertindo.
MEL: E tem outra, que
fala sobre o uso da faixa de segurança para atravessar a rua, é assim:
A FAIXA DE SEGURANÇA,
TEMOS QUE UTILIZAR. PARA ATRAVESSAR A RUA.
DAQUI PRA LÁ E DE LÁ PRA CÁ.
LISTA BRANCA E PRETINHA É ONDE EU VOU PISAR. E O MOTORISTA PÁRA. PARA EU PODER PASSAR. E O MOTORISTA PÁRA,
PARA EU PODER PASSAR. (paródia de ciranda cirandinha).
Todos
cantam em roda novamente.
MEL: Vocês estão de
parabéns! Aprenderam fácil. Agora é só colocar em prática.
JUNIOR: Mas Mel, a
gente ainda é criança. E vemos os adultos fazendo tanta coisa errada. No fim,
de tanto que a gente vê errando, faz errado também.
RITINHA: É mesmo! Não
vejo quase ninguém usar o cinto de segurança na cidade.
MARCINHA: O namorado
da minha irmã usa o capacete no cotovelo, pra não estragar o penteado. Ele diz
que só coloca quando vê a polícia.
MEL: Esse é outro
grande erro das pessoas. Achar que tem de cumprir a lei pra fugir da polícia,
pra não ser multado. Não é nada disso. As leis foram criadas para organizar as
coisas, para facilitar nossas vidas.
NICO: Eu tenho um
vizinho, que mora numa casa bem grandona. Ele fez aniversário de 15 anos e o
pai dele deu um carro de presente. Ele falou, que o pai disse que o dinheiro
pode comprar tudo.
MEL: Mas ele, além de
estar errado, porque só se pode fazer a carteira depois dos 18 anos, também se
esqueceu que seu rico dinheirinho não pode comprar outra vida, pois o filho
dele só tem uma.
PEDRINHO: Mas Mel, o
que a gente pode fazer para melhorar isso?
MEL: Olha, eu acho
que nós temos que cobrar dos adultos. Temos que chamar a atenção deles quando
vemos que eles estão errando. Temos que crescer fazendo as coisas certas.
RITINHA: Mel, sabe
alguma outra musica?
MEL: Claro! Vocês
gostaram de cantar?
Todos
em coro respondem que sim.
MEL: Querem aprender
outra?(Todos confirmam em coro) Tá bom! Tem uma bem legal. É assim:
SE ESTA RUA, SE ESTA
RUA FOSSE MINHA. EU MANDAVA, EU MANDAVA EDUCAR!
OS PEDESTRES E TAMBÉM OS MOTORITAS, SÓ PRA VER, TODO MUNDO
RESPEITAR! (paródia de Se esta rua fosse
minha)
MEL: Legal! Parabéns!
Vocês serão ótimos usuários do trânsito. Vamos continuar assim, cantando e
fazendo a coisa certa.
Encerra com todos
cantando uma das canções.
Fim.
Rogério Luís Bauer
Obs.: Por favor, informem os erros encontrados, para que eu possa
corrigir. Obrigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário