sexta-feira, 26 de julho de 2013

PEÇA - DEU ZEBRA

Peça de teatro infantil, com temática de trânsito.


DEU ZEBRA

Personagens
Cacique, Pajé, Índia, Zebra, Macaco Albino, Ana, Bolacha
CENÁRIO
Uma estrada, uma bananeira.

Um casal de turistas dirige seu jipe por uma acidentada estrada. Quando entram em uma curva mais acentuada, surge uma zebra no caminho, o jipe tenta parar, mas acaba atropelando a zebra e um macaco que estava em cima dela. Tudo acontece neste local.

Zebra: Pelas jubas do leão careca, que foi que você fez meu filho? Tá pirado é? Olha só meu, atropelou o macaco.

Bolacha: (se recuperando) Humf, que aconteceu? Acho que estou pirando mesmo, até a Zebra tá falando. Belezura, cadê você?

Ana: (levantando) Tô aqui minha bolachinha de coco. Você tá bem?

Bolacha: Estou sim minha rainha de bastos, e você chuchuzinho, se machucou?

Ana: Acho que não meu biscoitinho de polvilho. Mas o que aconteceu.

Zebra: Aconteceu que vocês não respeitaram a faixa de segurança e atropelaram o pobre do macaco Albino.

Ana: Bolachinha, você também ouviu a zebra falando, ou só eu estou louca?

Bolacha: Minha vidinha, eu também ouvi sim. Já tinha ouvido antes, mas pensei que era alucinação.

Zebra: Vamos parar com esse draminha. E também com esse dengo todo entre os dois. E é claro que eu falo, assim como todos aqui. E vão tratando de pensar em uma boa explicação, porque as autoridades estão chegando.

Bolacha: Mas Dona Zebra, eu estava dentro da velocidade limite para a estrada, e não vi nenhuma faixa de segurança.

Zebra: Em primeiro lugar, meu caro, o limite de velocidade existe como parâmetro para situações normais de trafegabilidade, para dar maior segurança ao condutor e pedestres... PORÉM, você precisa levar em conta outros fatores, como as condições da pista, a visibilidade, etc., e quando você não conhece a estrada, deve diminuir e prestar mais atenção ainda.

Ana: E em segundo lugar?

Zebra: E em segundo lugar a faixa é moderníssima, como não enxergaram? Está bem na frente de vocês!

Bolacha: Onde? Não estou vendo nada.

Ana: Nem eu!

Zebra: Dãããrrr. Sou eu, seus mocorongos. Listas brancas e pretas. Faixa móvel, vou para onde é necessário. Sou o último grito em sinalização de trânsito.

Bolacha: Como assim?

Ana: Olha só meu fofinho, a zebra serve de faixa de pedestres, ela atravessa os bichos de um lado para o outro. Sabe que até faz sentido.

Bolacha: Mas dona Zebra, e com os elefantes, rinocerontes, hipopótamos, como a senhora faz?

Zebra: Ta me tirando né? Manézão! Experimenta bater com seu carrinho em um bichão daqueles. Você acha que eles precisam de faixa?

Chega o cacique da Uacauaca, acompanhado da índia Caquicoca.

Cacique: Que que tá pegando?

Zebra: Chefe Uacauaca, esse tongo aí atropelou o macaco, em cima da faixa.

Cacique: Hum, hum, hum, Caquicoca, vai chamar pajé pra curar macaco.

A índia começa a sair quando o cacique chama de volta.

Cacique: Caquicoca volta, vai zebra, corre mais, traz pajé pra curar macaco.

A índia fica e vai a zebra.

Bolacha: Sr. Chefe, eu não vi a zebra, quero dizer a faixa, muito menos o macaco. A sua estrada está muito esburacada, tem muito mato alto na beira, nem dá pra ver as placas.

Ana: Isso é verdade Dr. Uacacaca.

Índia: É Uacauaca branquela, Grande Chefe Uacauaca, da tribo dos temidos Uacacacamole.

Ana: Tá bom desculpe. Mas Cacique, o senhor precisa cuidar melhor das estradas, estão péssimas.

Cacique: Menina da cidade de pedra tem um pouco de razão. Mas não é motivo principal de acidente. Viu que estrada não é boa, diminui velocidade. Dirige com cuidado.

Índia: É isso mesmo. Aqui na selva nunca tem acidente entre os bichos, todos se respeitam. Cada um sabe seu lugar. O homem branquelo é que vem aqui pra bagunçar tudo. Acha que é o dono de tudo, não respeita nada. Por isso na cidade é aquela bagunça.

Bolacha: Calma aí dona Caquiloca...

Índia: É Caquicoca, branquelo, Caquicoca.

Bolacha: Que seja, mas na cidade é tudo organizado. Tem leis, sinalização, fiscais, e tudo mais.

Ana: É mesmo. Quando você vai atravessar a rua, precisa usar a faixa de pedestres, só que lá é pintada no chão. Não é tão moderna quanto à de vocês, mas já serve. Essa faixa é a segurança dos pedestres.

Bolacha: Além disso, existe o semáforo, que ajuda muito na organização.

Cacique: Que ser semáforo, é bicho? Ou é pintado no chão também?

Bolacha: Não senhor. Semáforo é uma espécie de caixa que fica pendurada no alto, onde todos enxergam. Ela fica acendendo e apagando as luzes, pra orientar as pessoas.

Índia: E como funciona isso?

Ana: É por cores. Quando acender uma luz vermelha, como esta flor (mostra uma flor) quer dizer perigo, tem de parar.

Bolacha: Quando acender uma luz amarela, como essa fruta (mostra a fruta) quer dizer atenção, cuidado.

Ana: E quando acender uma luz verde, como essa folha (mostra a folha), quer dizer livre, pode seguir. Fácil, fácil.

Cacique: Vermelho – perigo, amarelo – cuidado, verde – livre.

Índia: Vermelho – pare, amarelo – atenção, verde – siga.

Índia e Cacique se olham, fazem sinal que concordam e gostam.

Cacique: Parece muito bom. Funciona bem?

Ana: Quase sempre, infelizmente tem ainda pessoas que não respeitam isso.

Índia: Mas então vocês precisam ensinar a todos. É tudo muito fácil, até os bichos aqui da selva aprenderão rapidinho isso.

Bolacha: Mas a gente ensina, desde pequenos, o tempo todo. Mostramos os perigos de não respeitar. Mas, acho que essa é a questão, RESPEITAR, falta respeito entre os branquelas.

Chega o pajé no lombo da zebra, que, esbaforida fala.

Zebra: Cacique, precisa fazer o pajé se exercitar mais, ele ta ficando pesaaaaaaaaado! Ai ai ai ai ai...

Pajé: Pajé em forma, zebra fraca. Manda cacique, qual a bronca?

Cacique: Pajé, cura macaco Albino. Homem branquela atropelou.

O pajé olha para o Bolacha e faz sinal de cumprimento. Se aproxima da Ana e beija a mão dela, galanteador, dizendo.

Pajé: Mademozélie, pajé admira muito sua beleza, farei de tudo pra salvar a pele de vocês.

Ana: Obrigado pelo elogio, mas como assim salvar a nossa pele?

Índia: Aqui na selva é assim, quando não cumpre a lei de trânsito, paga com a vida. Vão para o caldeirão.

Bolacha: (assustado) Quer dizer que vocês são canibais?

Pajé: Sai fora branquelo! Vocês virarão sopa pra crocodilo banguela, isso sim.

Ana e Bolacha se olham assustados.

Ana: (dengosa) Ah, seu Pajé, então faz uma forcinha aí vai, confio muito na sua competência.

Pajé: Deixa comigo!

O pajé pega seus chocalhos e ossos e começa a invocar seus espíritos, dizendo palavras desconexas e fazendo uma dancinha estranha. Olha para o macaco, que permanece imóvel. Repete o ritual várias vezes. Até cansar. O cacique então determina:

Cacique: Índia e Zebra, buscar caldeirão. Crocodilos banguelas vão comer hoje.

Ana e Bolacha se abraçam assustados. Chegam a índia e a zebra com o caldeirão. Cacique faz sinal pra colocarem os dois ali. Acendem o fogo. Todos dançam em volta. Colocam temperos e legumes. Tudo ao som de uma batucada no fundo. De repente pára o som e o macaco se levanta, desorientado.

Macaco: Quem sou eu? Onde estou? O que aconteceu?

Zebra: Você foi atropelado quando atravessava a rua.

Macaco: Mas eu estava na faixa de segurança, não estava?

Zebra: Sim, em cima do meu lombo.

Macaco: Como pode então?

Zebra: Esses dois branquelos estavam correndo demais. Não pararam a tempo. Não respeitaram o limite. Estavam sem o cinto de segurança também. Ela até foi arremessada, não sei como não morreu.

Macaco: Mas e você zebra, como não se machucou?

Zebra: (disfarçando) Eu sou a faixa de segurança. Faixa móvel, o último grito em segurança, oras.

Cacique: (desconfiado) Hum, hum, hum. Hum, está história está mal explicada. Como pode o macaco se machucar assim, os branquelas também, e você não sofrer nenhum arranhão?

Índia: É verdade. Explique-se zebra!

Pajé: (para o macaco) E você macaco? Olhou para os lados antes de atravessar a rua, como todo mundo deve fazer sempre?

Macaco: Não me lembro, acho que não deu tempo, eu subi na faixa e ela se foi rápido, não me lembro de mais nada.

Ana: Seu cacique, deixa a gente sair daqui, ta ficando quente...

Cacique: Podem sair, por enquanto. Mas quero saber dessa história direitinho.

Bolacha: Grande chefe, agora me lembro, foi logo depois da curvinha, a zebra surgiu do nada, atravessou correndo na minha frente, tentei parar, até perdi o controle do carro e tombei. Mas acho que não bati neles.

Ana: Também estou lembrando, não batemos mesmo, você saiu da estrada pra não acertar neles.

Zebra: Eu confesso! Foi culpa minha. Eu queria que meu trabalho fosse reconhecido. Ninguém queria mais usar a faixa móvel. Então comecei a ser mais rápido. Relaxei. Eu deveria ter cuidado. Não olhei para os lados antes de atravessar. Me assustei quando vi o carro já em cima. Dei um salto e o macaco caiu do meu lombo. Inventei isso tudo pra não perder meu emprego. Desde que a loteria esportiva me dispensou, eu não arrumava um trabalho tão legal.

Ana: E nós iríamos virar sopa por sua causa né?

Pajé: (galanteador) Isso pajé não deixaria, logo logo os espíritos me revelariam a verdade, e eu tiraria vocês do caldeirão.

Bolacha: Logo logo é? Eu já estou meio cozido, se quer saber. Sem falar o peso na consciência. Já estava achando que tinha matado o pobre macaquinho.

Ana: E olhem nosso carro. Como vamos embora?

Zebra: Me perdoem, por favor? Vocês todos. Cacique, pode me expulsar, vou procurar outra selva.

Cacique: Cacique saberá o que fazer, mas primeiro quer ouvir o que vocês aprenderam com essa lição de hoje.

Macaco: Aprendi que devo olhar para os lados antes de atravessar a rua. Prestar atenção no movimento. Ser responsável e ficar sempre alerta, tenha sinalização ou não.

Índia: Descobri que semáforo serve pra orientar o trânsito na cidade. Fica pendurado no alto. Todos podem ver. Quando acende a luz verde (mostra a folha) quer dizer que você deve seguir; quando aparece a luz amarela (mostra a fruta) quer dizer que devem prestar atenção e quando surge a luz vermelha (mostra a flor) significa que devem parar.

Ana: Devo sempre usar o cinto de segurança, mesmo em estradas de terra e em velocidade baixa, pois em caso de acidente, ele vai impedir que eu seja arremessada. Hoje eu dei sorte, pois estava devagar e caí em cima de um monte de folhas, mas na cidade um acidente assim pode ser fatal.

Bolacha: Como condutor, devo dirigir sempre com atenção. Observar a sinalização e controlar a velocidade. Devo ter mais cuidado quando não conheço a estrada. A minha vida e de outros a minha volta dependem muito de como me comporto como motorista.

Zebra: Devo ser prudente no trânsito. Não dá pra esquecer nenhuma norma de segurança. Nem sempre temos outra oportunidade.

Pajé: Todos devem respeitar as normas de trânsito, pois foram feitas para organizar o movimento e tornar nossa vida melhor.

Cacique: Parece que todos aprenderam a lição. Cada um precisa fazer sua parte para que o trânsito seja realmente seguro. Vou liberar os branquelas e dar uma segunda chance pra zebra, só que desta vez ela vai cuidar só da escolinha de girafas. Agora vamos colocar mais legumes no caldeirão e terminar a sopa dos crocodilos banguelas. (música e todos dançam em volta do caldeirão)

FIM
Rogério Luís Bauer


Obs.: Por favor, informem os erros encontrados, para que eu possa corrigir. Obrigado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário