terça-feira, 1 de março de 2016

Meu melhor amigo

Personagens: JUH; CARTEIRO, MOTORISTA; POLICIAL, NEI; BOBI; MOTOQUEIRA, CONDUTORA, BAILARINAS 1, 2, 3, 4; FANQUEIRAS 1, 2, 3, 4; MOÇAS 1, 2, 3, 4;


Abre o pano. Menina sentada, chorando, em seu colo um cachorro, coberto pelo casaco da criança, manchado.

Juh: Não vá Bobi. Fica comigo. Eu disse pra você não correr pra rua amigo. Por que você não me ouviu.  Quem vai brincar comigo agora? Quem vai correr pro portão todo dia, quando eu chegar da escola? Quem vai me esperar com um sorrisão, abanando seu rabinho, cheio de felicidade? Quem vai me lamber Bobi? Quem?

Pausa, Juh aperta o cachorro contra seu corpo, olha para o nada, lembrando-se do passado. Sons de latido de cachorro. Nesse momento surge um cachorro brincando, como se retratasse o pensamento de Juh. Ela sorri por um tempo, depois olha para o cachorro de novo. Levanta, deixa o casaco no chão e interage com o cão.

Juh: Crescemos juntos Bobi, você sempre foi meu melhor amigo. Eu sempre soube que o tempo corria de forma diferente para nós. Sempre foi você quem me protegeu, me alegrou, me fez entender o que realmente significa uma amizade sincera, leal e incondicional. Fica comigo Bobi, fica, por favor! Prometo que vou cuidar melhor de você. Vou prestar mais atenção. Fica Bobi, fica!

Luz se apaga, a menina sai. Luz acende. Entra a menina, vestida como estudante indo para o ponto de ônibus. O cão vem logo atrás.

Juh: Ah não Bobi! Já pra casa! Vou para escola, e de novo você vem atrás de mim. Já pra casa Bobi! Quando eu voltar a gente brinca, agora já pra casa.

Juh vai pra cima do cachorro, que faz menção em sair, mas volta, segue um jogo de vai e vem entre os dois. Nisso passa uma moto e Bobi corre latindo atrás dela. Juh se desespera. Quando Bobi para, ela dá uma bronca.

Juh: Bobi! Para com isso! Você ainda vai se machucar. Não pode avançar nos veículos, em nenhum Bobi. Nem motos, nem carros, nem...

Passa o carteiro de bicicleta, Bobi avança nele, persegue o carteiro em cena. Até que Juh segura Bobi.

Carteiro: Oh menina, tem de prender esse seu animalzinho, ele é muito bravo. Toda vez que passo aqui ele avança em mim. Desse jeito como vou trabalhar? Não dá não.

Juh: Calma moço! Ele é bonzinho, não sei o que acontece, ele só fica assim quando vê o senhor, e quando passa algum carro, moto, e... bicicleta, deve ser por causa da bicicleta. Mas desculpe, vou levar ele pra casa.

Carteiro: Obrigado menina. Quando entrego a correspondência de bicicleta, preciso redobrar a atenção. Pois existem poucas ciclovias na cidade, então tenho de andar pela beiradinha da rua, próximo ao meio fio. E é bem por aí que os cachorros estão. Levo cada susto, nem queira saber.



Carteiro bom eu sou
Carteiro da minha cidade
Entregando as cartas vou
Cheio de felicidade

Escute bem dona menina
No que eu vou ensinar
Para andar de bicicleta
Muita coisa há de cuidar
Vestimenta adequada
E a bike boa deve estar.

Trafegar na ciclovia
É por onde devo ir
Ou junto do meio fio
Se ela não existir
Mas sempre atento a tudo
Pois algo pode surgir.

Juh:
Mas na rua é perigoso
Vem carro de todo lado
Em alta velocidade
Vão do meio até o costado
Por que não vem pela calçada?
Pois aqui é mais sossegado.

Carteiro:
Obrigado menininha
Por sua preocupação
Mas calçada não é via
Adequada pra circulação
Ela á somente do pedestre
Para sua proteção.




Juh: Verdade. O senhor está certo. Mas Seu Carteiro, não tem nenhuma correspondência pra mim aí? Juliana de Oliveira...

Carteiro: Acho que não. Só tenho faturas, contas, boletos, publicidade. Sabe Juliana, os funcionários mais velhos do meu trabalho contam que antigamente eles entregavam tantas cartas pessoais, cartas com desenhos de coração no envelope, cartas perfumadas, eles viam a felicidade estampada nos rostos das pessoas que recebiam os envelopes. O brilho no olhar quando liam o nome dos remetentes. Devia ser muito legal.

Juh: Devia ser mesmo. Hoje é tudo pela internet...

Carteiro: Verdade. Mas moça, vou indo, tenho muito trabalho ainda. Segura o seu bichinho aí. Até mais, fui. (sai)

Passa um carro, a condutora está falando ao celular.

Condutora: “Fala mãe! Sim! Vamos ver, se der a gente passa aí fim do ano. Ah? Estão bem, cada dia mais chatos. Hem? Separei desse já. Vou passar em um túnel agora, vou ficar sem sinal. Tchau. Aff.”

Entra moça e lê uma carta:

Moça 1: “Primavera do Leste, 15 de maio de 2014, querida mamãe, escrevo esta carta para dizer que estou com muitas saudades... Esposo e filhos estão bem. E vocês, como estão? Final do ano vamos passar as festas com vocês, se Deus quiser. Dá um beijo no papai e fala para ele nos esperar com novas histórias, e com as velhas também. Amo vocês, beijos, sua filha.”

Entra moça 2 com cartaz sobre falar ao celular enquanto dirige:

Moça 2: Os reflexos de um motorista falando ao celular se equiparam aos de uma pessoa alcoolizada, pois não olha o retrovisor, anda em ziguezague, reduz a velocidade atrapalhando o fluxo de veículos, avança o sinal vermelho, o reflexo fica reduzido em três vezes. Recomenda-se que estacione ou peça ao carona que atenda à ligação sempre que necessário.

Juh: (para o carteiro) Tchau moço. (para Bobi) Agora você vai pra casa mocinho, meu ônibus já deve estar chegando vai, vai...

Passa outro carro. Juh segura Bobi. Os dois ficam olhando, dentro do veículo o condutor leva uma cachorrinha no colo. Simultaneamente chega um policial e se posta atrás de Juh, e começa a anotar algo.

Juh: Você viu Bobi? O cachorro estava no colo da motorista. Será que isso está certo?

Policial: (interrompendo) Não está certo não garota. Bem observado por você, e por mim também. Os cães devem ser transportados dentro de caixas, ou cadeirinhas especiais, presas aos cintos do veículo, para maior segurança de todos os ocupantes do carro.

Juh: Eu acho certo isso. E os motoristas deveriam ser multados.

Policial: E são, a infração é por Dirigir o veículo transportando pessoas, animais ou volume à sua esquerda ou entre os braços e pernas. Multa e perda de quatro pontos na carteira de habilitação.

Juh: Mas policial, eu até já vi cães soltos nas carrocerias de camionetes. Isso pode?

Policial: A lei diz que é proibido conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados. Se for necessário, daí deverá ser realizada com toda segurança, das pessoas e do animal também.

Juh: São muitas leis, muitas regras, é difícil saber tudo que pode e tudo que não se pode fazer, o senhor não acha isso tão complicado?



Policial:
Minha filha olha só
A verdade é só uma
Não precisa conhecer lei
Pra não infringir nenhuma
Basta só seguir a lógica
Que tudo depois se arruma.

Distinguir o certo do errado
Todo mundo sabe bem
Se a coisa faz do avesso
É por que má intenção tem
E precisa do corretivo
Que escrito no papel vem.

A sabedoria do povo
Vai além de qualquer artigo
Respeitar e ter bom caráter
Faz de ti um bom amigo
É só fazer sempre o certo
Que nunca virá comigo.
E tenho dito... (sai)



Juh: Viu Bobi, aprendemos um monte de coisas. Agora vá pra casa. Meu ônibus tá vindo.

O cão sai. Chega o ônibus. Juh embarca, está lotado, ela vai em pé..

Juh: Legal isso. Dentro do carro temos de usar cinto de segurança, mas no ônibus vamos é em pé mesmo, amontoados uns nos outros. Isso não pode estar certo.

Do ônibus descem as fanqueiras.

Atenção minha galera
Para esta letra especial
Aprendendo sobre trânsito
Com este funk legal, al, al, al, al
Com este funk legal, al, al, al, al
Com este funk legal

Buzão que leva estudante
É transporte escolar
E pra contratar o serviço
Preciso verificar, ar, ar, ar, ar
Preciso verificar ar, ar, ar, ar

Condições de segurança
Motorista habilitado
Se é séria a empresa
E o veículo credenciado, ado, aado, aado, ado
E também inspecionado, ado, aado, aado, ado
E também inspecionado

Ter cinto de segurança
Para todo passageiro
E além do motorista
Outro adulto o tempo inteiro, eiro, eeiro, eeiro eiro
Outro adulto o tempo inteiro

Respeitar a lotação
Não descer em movimento
Avisar minha família
Qualquer acontecimento, ento, eento, eento, ento
Qualquer acontecimento

Faixa amarela mostrando
Que é veículo escolar
Descer no lado da calçada
Na sua frente não cruzar, ar, aar, aar, ar
Na sua frente não cruzar

Cada um faz sua parte
Para melhor  transportar
Principalmente crianças
Devemos todos cuidar, ar, ar, ar, ar
Devemos todos cuidar
Principalmente as crianças
Devemos todos cuidar, ar, ar , ar, ar
Devemos todos cuidar

Moça 1: Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2 mil crianças morrem.

Moça 2: E mais de 15 mil são  hospitalizadas  anualmente.

Moça 3: Em  decorrência  de  acidentes de trânsito.

Moça 4: O trânsito é responsável pela maior parte dos acidentes fatais.

Moça 1: Das mortes de crianças até 14 anos vítimas do trânsito, 38% corresponderam aos atropelamentos.

Moça 2: 36% aos acidentes com a criança na condição de passageira do veículo.

Moça 3: 5% na condição de ciclista.

Moça 4: E 21% restantes corresponderam a outros tipos de acidentes de trânsito.

Todas: Precisamos cuidar melhor das nossas crianças.

O ônibus sai. Entra Nei, canta, depois entram as bailarinas para acompanha-lo.
Termina a música, Nei sai.
Entra Bobi latindo, brincando com uma bolinha, correndo atrás do rabo, latindo para o nada, fazendo coisas de cachorro.
Passa um carro ele corre atrás, passa uma moto ele corre atrás, passa outro carro, ele corre atrás.
Juh vem voltando da escola, Bobo vê ela e corre para seu lado, um carro surge, atropela Bobi. O carro não para. Juh junta o animalzinho. Faz a primeira fala novamente.

Juh: Não vá Bobi. Fica comigo. Eu disse pra você não correr pra rua amigo. Por que você não me ouviu.  Quem vai brincar comigo agora? Quem vai correr pro portão todo dia, quando eu chegar da escola? Quem vai me esperar com um sorrisão, abanando seu rabinho, cheio de felicidade? Quem vai me lamber Bobi? Quem?

Entram todos os outros e cantam juntos:

Gosto muito de você, meu cãozinho
Sempre cuidando de mim
Gosto muito de você, amiguinho

Para um mundo melhor, meu cãozinho
Nos precisamos mudar
Basta eu respeitar quem tiver no caminho

Uma amizade sólida é tão rara
Precisamos preservar
Assim como a nossa vida é só uma
E temos dela cuidar

Quero muito que você, meu cãozinho
Fique bem onde estiver
Tua pele, tua luz, teu olhar

Quando o homem for melhor, amiguinho
E cuidar do seu irmão
Nossas ruas então vão ser seguras

Gosto muito de você, meu cãozinho
Sempre cuidando de mim
Gosto muito de você, amiguinho

Para preservar a vida, amiguinho
Ninguém pode agir tão só
Vamos todos dar as mãos e sorrir
Buscando um mundo melhor

Gosto muito de você, meu cãozinho
Sempre cuidando de mim
Gosto muito de você, amiguinho

Fim.

Rogério Luís Bauer


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